Thursday, April 22, 2010

Tenho uma grande constipação

Truth be said, no título estava a citar o poema de Álvaro de Campos, mas sim, também estou com uma grande constipação. (Btw, leiam esse poema, adoro-o.)
Esta criança febre que nasceu hoje em mim não é propriamente impulsionadora à escrita de bons textos, mas vou tentar.


Após uma reunião de pais na escola da minha irmã, a minha mãe ficou a saber que o problema da sua filha afinal era geral. Não era só ela a desrespeitar completamente as ordens dos pais, a ser violenta, barulhenta, mal criada, entre outros males. Pelos vistos existe mesmo uma geração rebelde e em vez de sermos nós, os que têm agora 15 ~ 18 anos, não, são os putos de 10. Obviamente isto levou-me a avivar a raivazinha que tenho contra a, desculpem, porcaria de televisão que no geral temos.

Nos meus 10, 11 anos, queixavam-se que a televisão que eu via era demasiado violenta. Desde o (bastante) explícito Dragonball, passando pelos inocentes pokémon, digimon e também contra os extremamente (mas mesmo extremamente) violentos puñetazos do Gigante no Nobita (referência sarcástica ao Doraemon. Querida série aquela, deveria tornar-se culto.)

Ora, apesar desta injecção (ui, deveras) intensa de pura violência, sem falar nos jogos de vídeo, não me tornei nenhum criminoso sedento de sangue. Antes pelo contrário, tornei-me um idiota passivo que necessita duma ofensa bastante grave para sequer agir em sua defesa. Sim, prefiro ignorar, it's easier. Talvez me tenha tornado um pouco insensível a cenas macabras e chocantes, admito, mas até agora isso não me trouxe prejuízo nenhum. O que é certo é que a porra da televisão mudou.

Seriously, há uns anos uma pessoa só parava de ver pokémon e outros desenhos animados ditos infantis lá para os 13 ou 14 anos. Agora os putos acabam de ver Noddy e Bob o construtor para verem séries claramente juvenis. Já não há desenhos animados cor de rosa para raparigas, com feiticeiras e cantoras mágicas (o que eu me lembro), e robôs para rapazes. Não, agora metem tanto rapazes como rapariguinhas a ver personagens supostamente com 12 anos completamente apaixonadas por outras personagens com aproximadamente a mesma idade, a morrerem de amores, a lutarem contra anjos e demónios para ficarem juntos. I mean, wtf? Amor? Aos 12 anos? Sure boss. Há casos, acredito que sim, mas são tantos como os casos de maturidade prematura.
Então, além desta idiotice amorosa, há também lutas contra professores malvados! Pais demasiado controladores! Famílias que não aceitam os sonhos das suas (demasiado) crianças! Oh dear God, não há liberdade para os putos de 10 anos e os seus sonhos... Wait a minute, e os seus quê? Admito que ainda sou meio puto e provavelmente sempre serei, mas aos 10 anos os meus sonhos não passavam de ser um cientista marado e milionário (I'm a nerd, deal with it). Ah, e ter a nova consola de jogos. E nunca me senti mal a ser assim, nunca me senti mal por ser a criança que deveria ser.

Nunca me impingiram dramas juvenis de liberdades aprisionadas e amores proibidos. Nunca me passou isso pela cabeça sequer. E é assim que uma criança deve viver até ser efectivamente um teenager (thirTEEN?). Essa é a idade da pitalhada histérica com dramas amorosos (referindo-me mais a raparigas desta vez, I'm sorry.) Agora não, há séries por todo o lado dedicadas aos nossos queridos irmãos, primos, ou simples conhecidos mais novos. Uma má dedicação, mas há. Quero e toda a gente deveria querer os desenhos animados, violentos ou não, de volta.
What? Talvez trouxesse alguns rapazes mais dedicados à porrada. Mas ao menos lutariam por uma bola de futebol em vez de ser por uma rapariga com poucos traços femininos, lutariam por uma PSP (ya, agora já não há Game Boy) em vez de ser contra os malvados professores ou os restritivos pais. E as raparigas dedicavam-se à sua "pre-giggling phase" em vez de estarem com danças pseudo-hip hop, discussões retardadas por causa de rapazes, insolências para com os seus educadores e, mais importante ainda, respostas à "adolescente-hormonada" para com os seus progenitores, que por esta idade ainda as deveriam conseguir por a chorar com uma ameaça de chapada.

For fuck's sake, nem preciso de nomear as séries/programas a que me refiro, toda a gente sabe.
Tirem os putos da frente da televisão, dêem-lhes um livro ou o raio duma Nintendo DS.



Desculpem o tom raivoso deste post. Mas esta treta irrita-me bastante, especialmente porque testemunho a mudança na personalidade da minha irmã a olhos vistos.


Bye people, comments always appreciated.

Saturday, April 17, 2010

Incongruências das belas palavras

Hoje em dia recusa-se o belo e o artístico pela sua falta de funcionalidade. Não se sabe apreciar a beleza de um poema, das suas rimas, da sua melodia, da sua complexidade, se este pouco ou nada transmitir de objectivo ao leitor. Porque não? Na minha vida, alguns dos escritos mais lindos que já li eram complete nonsense. Eram lindas palavras encadeadas com palavras lindas para formar versos ou frases lindos que acabavam em mais pura beleza. Se completei a leitura mais culto ou inteligente? Não. Mas decerto saí com um sorriso na alma.

Outra ocasião de uma incongruência é quando as palavras são belas mas nada mais transmitem que uma ideia errada da realidade. Uma mentira. Algo apenas incorrecto.
Nestes casos eu chamaria de sabedoria da inspiração. Não sei, palavras que na altura a inspiração e a beleza as levaram a ser escritas. E no fim da sua escrita, umas vezes fazem sentido e estão correctas. Outras vezes só o fazem e só o estão para poucas ou nenhumas pessoas.
E dentro dessas vezes em que para nós não estão correctas, custa a crer que algo que é tão belo e nos saiba tão bem ouvir ou ler é vazio de significado. Não é, no entanto, razão para rejeitar a sua beleza.


Gostaria de formar alguma conclusão com isto. Mas não o irei fazer. É apenas algo de que me lembrei hoje enquanto lia algumas reflexões de Fernando Pessoa. Não encontrei nonsense nele, apenas algo muito belo e muito correcto, à excepção de um único textinho, que foi o que me levou a reflectir e escrever isto. Concluam como quiserem e comuniquem-me a conclusão, gostaria de ler.

Bye!


Friday, April 16, 2010

Análise social: estereótipo e preconceito

Aceito toda a gente. De uma forma ou de outra, aceito. São muito raros os casos em que me causa aversão a companhia de alguma pessoa. Não quer dizer no entanto que eu aprecie falar com toda a gente ou que sequer deposite a minha confiança em quem quer que seja. Aliás, essas pessoas com quem me dá prazer falar e em quem confio são bastante raras, isto porque se for a ver, sou uma pessoa muito preconceituosa, que analisa as pessoas e as divide por grupos. E a partir daí vejo que tipo de ligação posso ter com cada indivíduo.
Quando conheço alguém, a primeira impressão é importante, mas não algo fundamental. Já foram várias as pessoas de quem desgostei ao início e acabei mudando radicalmente a minha opinião. Infelizmente, já foram bastantes também os casos em que o contrário aconteceu. Tenho parâmetros base para "classificar" as pessoas, para tentar prever a sua personalidade e qual a qualidade que as nossas conversas terão. Uso isso também para tentar perceber se uma pessoa me iria aceitar, porque apesar de tudo eu próprio sou uma pessoa muito complexa e não fácil de ser apreciada.
Obviamente, tento procurar gostos em comum. Destaca-se aqui a música. O gosto musical é para mim algo fundamental para me ligar a alguém. É-me muito complicado gostar de alguém quando tenho algum tipo de aversão ao que este ouve. No entanto, devo falar mais profundamente sobre isto noutro post.
Outra coisa fundamental é se lê. São poucas as vezes em que alguém me desilude mais do que ao dizer que não gosta de ler. E quase me dá nojo alguém que odeie a leitura. Tipo de linguagem que usa, quantidade de abreviaturas, ortografia, é algo que me ajuda também na "análise".
E agora, um dos aspectos principais é a timidez de alguém. Não tenho nada contra gente social e extrovertida, nem me faz gostar menos deles. Mas é comum eu acabar adorando alguém tímido e com poucas amizades, sendo uma das "qualidades" (para mim at least) que mais aprecio.
São bastantes outros pequenos pormenores e detalhes que me fazem mudar a opinião que tenho quanto a alguém. Gosto de analisar, e faço-o profundamente.
Normalmente quando acho que conseguiria criar uma ligação com alguém, não me engano. Foram muitos anos de desilusões, traumas até, que me fizeram criar um bom instinto para as pessoas. Tanto fui rejeitado que acabei eu mesmo a evitar gente antes que mo fizessem a mim. E até agora tem dado resultados agradáveis.

Falta referir no entanto que daquelas condições que normalmente são associadas à rejeição e descriminação eu devo ligar a poucas ou nenhumas. Não me interessa a cor de uma pessoa, o que veste, a sua riqueza, a sua beleza, a forma como anda, fala ou respira. Só me interessa o seu interior e quão bem combina com o meu.


Bem, nos próximos posts devo explicar melhor cada um dos "parâmetros" que uso ao analisar pessoas, de uma forma mais interessante do que fiz com este. Às pessoas que lerem isto, que não devem ser muitas, queria pedir para deixarem um comentário com a sua opinião acerca deste assunto. Obrigado!



Cya later